sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O Mais Querido do Brasil

Salve galera, bem-vindos de volta! Tudo certo com vocês?

É interessante como as coisas estão conectadas, não é mesmo?! Em outubro uma pessoa que me é muito querida se foi de modo muito repentino, e desde então comecei a pensar em como lidar com o que temos de vida pela frente. Se vale a pena economizar recursos e abrir mão de algumas coisas agora em prol de um futuro melhor, sendo que esse futuro pode nunca chegar, ou se é melhor curtir a vida adoidado, focando em satisfazer todas as vontades e desejos, aqui e agora, e deixar pra resolver as coisas do futuro quando o futuro chegar.

E ai vem o Alexandre e, mesmo sem saber de nada, escreve um artigo que fala da morte e orienta a procurar um equilíbrio entre esses dois pontos (gastar tudo agora ou poupar para o depois). Juro para vocês que ainda não consegui encontrar uma resposta exata para o meu dilema, mas ler o excelente texto do Alexandre me fez reforçar os conceitos de poupar para o futuro. Afinal, não quero acabar como o Jorginho Guinle (mas gostaria, muito, de viver como ele viveu 😍).

Aliás, é sobre a poupança que vou falar um pouquinho hoje. Vocês sabiam que ela, a poupança, é o investimento mais querido do Brasil? Já desconfiavam né…


Pois então, li em uma pesquisa feita pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), publicada no site da Exame, que quando se trata de fazer uma reserva para o futuro, a caderneta de poupança é o investimento preferido por 69,5% dos brasileiros.

Essa mesma pesquisa aponta que a busca pela segurança, resposta de 56,1% dos inquiridos, foi o principal fator para justificar essa escolha. Mas eu não sei não, particularmente acho que são outros os motivos que fazem com que a poupança mantenha esse posto, afinal existem diversos investimentos tão seguros quanto ela, só que ainda mais rentáveis.

É certo que a caderneta de poupança é o “top of mind” dos brasileiros quando se fala em aplicar aquele dinheirinho que sobra no final do mês, mas a praticidade, a preguiça comodidade, a falta de informação, o medo do desconhecido e a ilusão de que precisa muito dinheiro para investir em outras coisas é que, para mim, mantém nossa gente presa a uma aplicação que, ao longo dos anos, tem visto seus rendimentos serem corroídos pela inflação.


ENTÃO… COLOCAR DINHEIRO NA POUPANÇA NÃO É UMA BOA?

Depende. Se você é daquelas que deixa o dinheiro parado na conta-corrente, guarda no colchão ou enterra no quintal, então colocar o dinheiro na poupança é uma ótima escolha. (Sim, galera! Por mais incrível que pareça, em pleno 2017 ainda há quem cave um buraco no chão para guardar suas economias. Soube de um caso cerca de uns 28 dias atrás e fiquei estarrecido. Ah! E foi na cidade grande hein, no Rio de Janeiro/RJ).

Mas apesar de toda a familiaridade, praticidade e segurança que a poupança traz consigo, quem manteve o dinheiro parado lá nos últimos anos acabou tendo prejuízo, pois o retorno obtido com essa aplicação ficou abaixo da inflação. Veja só:

Em 02/01/2013

Valor Inicial: R$ 10.000,00

Em 02/01/2017

Valor corrigido pela poupança: R$ 13.282,94
Valor corrigido pela inflação: R$ 13.337,69

Ou seja: seria necessário inteirar R$ 54,75 aos rendimentos
da poupança para manter o poder de compra.

Nota: Vale ressaltar que no momento em que escrevo esse texto as coisas estão um pouco diferentes. Vivemos um período de queda da taxa Selic e do IPCA, uma dobradinha que tem sido favorável a poupança. Essa conjunção de fatores tem possibilitado a caderneta de poupança auferir ganhos acima da inflação, bem como apresentar retornos mais expressivos do que alguns fundos de renda fixa em que a taxa de administração é superior a 1%. Mas atente que para fazer essa comparação há que se levar em conta o desconto de IR nos fundos (22,5% no curto prazo).


E COMO SE CALCULA O RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA?

Desde de maio de 2012 o Banco Central estabeleceu uma nova regra onde a variação da poupança está atrelada ao desempenho da Selictaxa básica de juros da economia.

Funciona assim:

A remuneração dos depósitos de poupança é composta de duas parcelas:
I – a remuneração básica, dada pela Taxa Referencial – TR, e
II – a remuneração adicional, correspondente a:
a) 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%; ou
70% da meta da taxa Selic ao ano, mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for igual ou inferior a 8,5%.









ONDE APLICAR ALÉM DA POUPANÇA

O mercado lhe oferece várias opções de investimentos, que vão desde comprar títulos do Tesouro Direto até especular no mercado de índices futuros. Porém qual a mais adequada é você quem vai decidir, de acordo com sua tolerância a riscos, seus objetivos futuros e seu conhecimento.

Aqui vou lhe apresentar duas alternativas, ambas muito seguras e com um histórico de rendimento superior a poupança (embora sucesso passado não seja garantia de retorno futuro).

Antes de começar, deixa-me introduzir quatro conceitos que visam facilitar a compreensão da apresentação:

Liquidezfacilidade de um ativo ser transformado em dinheiro. Esse conceito se refere à agilidade com que um investidor consegue se desfazer de um investimento para voltar a ter dinheiro na mão.

Selicé a taxa básica de juros da economia no Brasil. Essa sigla nada mais é que um sistema computadorizado utilizado pelo governo, a cargo do Banco Central do Brasil, para que haja controle na emissão, compra e venda de títulos.

Imposto de Rendaé um imposto cobrado sobre a renda das pessoas físicas e jurídicas. Nos investimentos, ele incide de forma regressiva somente sobre o rendimento, conforme tabela abaixo:

Prazo
Alíquota
Até 180 dias
22,5%
De 181 a 360 dias
20%
De 361 a 720 dias
17,5%
A partir de 720 dias
15%
FGC (Fundo Garantidor de Crédito) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, mantida pelos bancos, que todos os meses os fazem uma contribuição de 0,0125% sobre o valor que eles possuem em aplicações e essa reserva serve para garantir ao investidor um resgate de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, caso o banco emissor de um título venha quebrar.

Conceitos apresentados, vamos aos investimentos:

Tesouro Selic (LFT) – é um título do Tesouro Direto que tem seu rendimento atrelado a taxa de juros básicos da economia. Ou seja, se a taxa Selic subir, o título tem seu valor aumentado, mas se esse indicador baixar, o preço do título cai junto.

O Tesouro Selic é considerado um investimento conservador, pois possui baixa volatilidade. Essa característica lhe confere uma rentabilidade mais baixa do que os outros títulos do Tesouro, entretanto caso necessite realizar a venda do papel antes do vencimento as perdas serão minimizadas.

Além da baixa volatilidade, outra característica desse título é a sua elevada liquidez. Isto é, caso necessite você pode vender esse título a qualquer momento, receberá o dinheiro em apenas 01 dia útil.

Pontos importantes sobre o Tesouro Selic:

  • incidência de Imposto de Renda, de forma regressiva, na hora do resgate, conforme tabela;
  • são garantidos pelo Tesouro Nacional, ou seja, o Governo Federal garante o seu pagamento;
  • cobrança da taxa de custódia do Tesouro Direto, de 0,3% ao ano sobre o total da aplicação.

Certificado de Depósito Bancário – O CDB é um título emitido pelos bancos para conseguir capital para financiar suas atividades de crédito. Ou seja, aplicar em um CDB é como emprestar dinheiro para o banco e receber em troca uma remuneração com rentabilidade diária; enquanto o banco usa esses recursos para conceder empréstimos a outros clientes.

Existem três tipos de CDB (o prefixado, o pós-fixado e os que pagam juros mais um índice de inflação), sendo o pós-fixado o mais comum deles. Neste caso, a rentabilidade do investimento funciona de maneira semelhante ao Tesouro Selic, estando atrelada a algum indicador de referência. O principal deles é o CDI (certificado de depósito interbancário), que está sempre muito próxima da Selic.

Mas é preciso se atentar ao seguinte: o percentual que será pago do CDI não é fixo e pode variar de banco para banco, dependendo do valor investido e da negociação efetuada. Existem instituições que oferecem uma rentabilidade de 70% do CDI enquanto outras chegam a pagar 115%, por exemplo. Por isso, a dica é pesquisar antes de decidir por uma ou outra aplicação.


Pontos importantes sobre o CDB:

- é garantido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), conforme o limite de R$250 mil;

- sofre a incidência de Imposto de Renda, também forma regressiva, conforme a tabela mostrada acima;

- tem a cobrança de IOF (imposto sobre operações financeiras) nas aplicações resgatadas antes de 30 dias.


Se você gostou de alguma dessas opções, saiba que investir nelas é bem fácil e barato. Só precisa procurar o seu gerente do banco informá-lo da sua intenção ou então abrir conta em uma corretora independente – que costuma cobrar taxas menores e oferecer mais e melhores opções aos clientes.

Com apenas R$ 100,00 já é possível fazer o primeiro aporte no Tesouro Selic e com um pouquinho mais que isso entrar num CDB – existem opções partindo de mil reais. E, tal como na poupança, você também pode fazer aportes mensais, programados ou não.

Bem amigos, essa foi apenas uma breve apresentação de dois produtos que servem como alternativa à poupança, principalmente quando o critério é segurança. Então não tem mais desculpa para continuar deixando de ganhar dinheiro. Caso tenha alguma dúvida, crítica ou curiosidade escreva pra gente.

Um amplexo e até a próxima.
Continue correndo.

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Nota: Estamos preparando um material para lhe auxiliar a abrir conta numa corretora independente.