quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Começando desde cedo


Salve galera! Bem-vindos de volta ao nosso Mente Sã, Bolso São!

Como o tempo passa rápido. Parece que foi ontem que o Alexandre e eu estávamos colocando em prática o projeto de lançar um blog de educação financeira que pudesse ajudar as pessoas a sair do vermelho e entender um pouco mais sobre finanças. E, no entanto, já se vão 13 meses. Caramba!

Sinceramente, espero que ao longo desse tempo possamos ter feito alguma diferença e ajudado alguém, uma só pessoa que seja já me deixa feliz.

Bom, sem mais delongas vamos ao texto desse mês.


Quando eu decidi pelo tema desse mês, a primeira coisa que me veio a cabeça foi o jogo Banco Imobiliário.

Mesmo sem perceber, aprendi com ele durante a minha infância/adolescência a lidar com dinheiro, noções de poupança, investimento, renda passiva e formação de patrimônio. Um brinquedo genial.

Aliás, me lembrei agora de algumas coisas da minha infância. Lembrei que em muitos dos meus aniversários ganhava da minha avó um “dinheirinho” para comprar um biscoito (eu adorava "skinny") e que muitas vezes eu guardava essa graninha para poder viajar no carnaval. Lembrei também de ser, talvez, o mais econômico da turma (ok! pode entender como eufemismo para pão-duro), pois sempre voltava dessas viagens de carnaval com alguma verba. Ah! Lembrei também que éramos estimulados a fazer rifa para multiplicar o dinheiro e conseguir comprar alguma coisa. Só o que não consigo me lembrar é se tive na escola algum tempo dedicado a educação financeira. Se tive, pelo menos, não foi algo que me marcou.

Voltando ao presente, enquanto pesquisava para escrever sobre finanças para crianças, resolvi conversar com alguns amigos que já são pais a fim de saber se eles abordam o tema com seus pequenos e a maneira que esses se comportam. E fiquei extremamente feliz com que o ouvi.

Todos eles, sem exceção, me disseram que de alguma forma passam às suas crias algum valor sobre dinheiro. Seja mostrando que os pais dão duro para conseguir colocar as coisas dentro de casa e que por isso devem zelar pelo que possuem, seja incentivando a poupança através do famoso porquinho ou até mesmo estabelecendo cotas de “guloseimas” para aprender que se comer tudo de uma só vez ficarão sem nada depois.

Mas vamos para a parte prática, afinal a ideia sempre foi trazer para cá algumas sugestões que possam contribuir para a melhora da gestão orçamentária e aumento da educação financeira. E como isso pode ser praticado desde cedo, eu trouxe algumas dicas para que os pequenos já comecem a cultivar alguns bons hábitos.



# Os Três Porquinhos

Um exercício bacana é pegar 03 potes transparentes e em cada um deles colar uma etiqueta PARA GASTAR, PARA POUPAR, PARA DOAR. E entre esses potes a criança divide todo o dinheiro que ganhar da seguinte forma:

Para Gastar – 70% de tudo o que receber e sempre que quiser comprar coisas pequenas como doces e lanches deve-se retirar o dinheiro desse “porquinho”.

Para Poupar – 20% dos ganhos são depositados nesse pote e o dinheiro deve ser usado para comprar itens de maior valor, como brinquedos ou inteirar na compra de celular, tablete ou videogame. Importante aqui que o objetivo de compra não seja algo que a criança vá demorar muito tempo para conseguir juntar o dinheiro. Afinal a ideia é mostrar a importância de esperar e economizar e não fazê-la se sentir frustrada.

Para Doar – 10% do que for recebido vem para esse pote e ao final de um trimestre, ou um semestre, ou um ano, a criança pode usar essa soma para fazer uma ação social, que pode ser doar o dinheiro para um amiguinho cuja família tem menos condições ou comprar uma roupa para a campanha do agasalho ou comida para a campanha do quilo ou ração para um animal de rua… Enfim, as possibilidades são inúmeras.


# O Valor do Esforço

Estabeleça uma lista de tarefas para a criança. Pode ser coisas simples como não deixar os brinquedos espalhados, arrumar a cama, lavar a louça, etc. Atribua uma pontuação para cada tarefa e, ao fim de determinado período (uma semana é um bom tempo) faça soma e converta esses pontos em dinheiro.

Dessa forma elas vão perceber que para ter algum dinheiro é preciso se esforçar e quanto maior o esforço, maior a recompensa.


# Comparar e Pesquisar

Sempre que for comprar algo com o dinheiro do “porquinho poupar”, sente com a criança em frente ao computador e pesquise o preço entre diferentes lojas. Assim ela vai saber que um mesmo produto pode ter diferentes preços e que podemos pagar mais barato quando pesquisamos.

Comparar itens também é algo que deve ser incentivado. Dessa forma podemos mostrar que objetos idênticos e que cumprem a mesma função e com a mesma qualidade, podem custar mais (ou menos) só por serem de outra marca.


# Eu Quero x Eu Preciso

Ensine a criança a diferença entre Eu Preciso – que são todos aqueles itens necessários a nossa vida e Eu Quero – que são as coisas que queremos ter, mas que se não as comprarmos nossa vida segue muito bem sem.

Explique que se ela comprar tudo o que ela quer, pode ficar sem o que precisa.


# Investimentos

Esse conceito pode ser incentivado com um quarto “porquinho”, um pote – escrito investimento – onde os pais aplicam um percentual X sobre o valor ali depositado pela criança. (Importante que esse X seja compatível com os rendimentos oferecidos no mercado).

Outro conceito que aqui pode ser apresentado é o de liquidez, deixando claro para a criança que ela só poderá mexer no dinheiro após determinado período de tempo.


# Consumo Sustentável

Noções de sustentabilidade são boas não só para o bolso, mas também para o meio ambiente. Ensinar coisas como não deixar a luz acesa ou a tevê ligada, não dar apenas uma mordida no sanduíche ou um gole na bebida e depois deixar de lado ou destruir os brinquedos são valores que servirão para toda a vida e em várias áreas.

- Cabe ressaltar que aqui, para que o aprendizado seja mais efetivo, é necessário deixar a criança passar vontade. Pois de nada adianta repreender o pequeno por,
por exemplo, ter deixado a comida de lado após a primeira mordida e dez minutos mais tarde comprar um novo lanche.


# Semanada

Para uma criança o período de um mês pode ser um tempo demasiadamente longo, por isso é mais recomendado que elas recebam um valor combinado por semana. E é importante manter uma regularidade no dia de dar o dinheiro. Se vai ser numa sexta-feira, então que seja sempre numa sexta-feira. Faz com que a criança crie uma rotina e aprenda a se planejar melhor.

Outro ponto importante é que esse dinheiro pode ser gasto do jeito que a criança bem entender. Você pode até orientá-la sobre como fazer um bom uso, mas não deve impedi-la.


# Ensine pelo Exemplo

Sei que você já percebeu que as crianças copiam as atitudes dos adultos, e isso também vale para o mundo das finanças. Então de pouco adianta você passar todos esses conceitos e fazer todo o inverso. Aquele ditado de que “uma imagem vale mais que mil palavras” é muito certo e nesse caso você é a imagem.


Essas são algumas dicas que contribuirão na maneira como suas filhas e seus filhos vão lidar com o mundo das finanças.

E se você sabe tem mais algumas dicas, aplica outras diferentes técnicas, compartilhe aqui conosco. Tenho certeza de que toda informação será bem recebida e, principalmente, contribuirá para que tenhamos um futuro melhor. Crianças mais esclarecidas se tornam adultos mais conscientes e pessoas mais conscientes fazem melhores escolhas e melhores escolhas geram melhores resultados.


Um amplexo e até breve.

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Em tempo, fica registrado aqui um agradecimento nominal a todos aqueles que com muito boa vontade e atenção disponibilizaram um pouco de seu tempo para conversar comigo.


Muito obrigado Alessandro, César, Cristiano, Débora, Dalto, Jorge, Leandro, Marcelo, Marly, Talita, Thamara e Vanessa. A colaboração de vocês foi muito valiosa para a elaboração desse texto. Gratidão.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

“Se você quer ir a um lugar diferente, você deve correr pelo menos duas vezes mais rápido que aquilo!”

 Bem vindos de volta! Antes de falar sobre o texto do mês, estamos muito felizes, pois o Blog Mente Sã, Bolso São está completando 1 (um) ano de vida! É isso mesmo amigos da blogosfera, estamos aniversariando.
Como o tempo passa rápido, parece que foi ontem, estávamos o Adriano e eu comentando sobre as dificuldades que encontramos para viver uma vida saudável e livre financeiramente. Quando ele disse: Porque não fazer um blog para mostrar que é possível de se acumular uma boa reserva financeira sem abrir mão dos nossos prazeres pessoais?
E aqui estamos nós! Comemorando o nosso primeiro aniversário!
Relembrando esse tempo que passou me pego com um copo de café na mão, pensando no tema desse mês e logo vem a mente o primeiro texto: “A Cigarra, a Formiga e o Cafezinho” no qual defendemos que: Você não precisa ser como a formiga e nem a cigarra, mas um meio termo entre os dois!

Entenda. É importante se divertir, entretanto é fundamental trabalhar: Planejamento e Disciplina. 
Ouço muitas pessoas reclamando que não conseguem mudar suas vidas por mais que tentem e se esforcem. Já se deparou com essa situação: Perceber que não adiantou correr, estudar ou trabalhar, pois continuou na mesma situação como se não tivesse saído do lugar? Que quanto mais saber se adquiri na vida mais conhecimentos e habilidades são exigidos, principalmente no meio profissional.
Isso é o efeito Rainha Vermelha.
A Rainha Vermelha é um personagem fictício de um livro do Charles Lutwidge Dodgson chamado “Alice do outro lado do espelho” (sim, o mesmo que escreveu Alice no País das Maravilhas e sim, o mesmo do texto anterior e você achando que eram livros para crianças!).
Bem. Na história, Alice termina percebendo que ela está correndo cada vez mais rápido, mas sem conseguir sair do lugar.
Alice não conseguia entender exatamente, ao pensar a respeito mais tarde, como foi que elas começaram: tudo que ela lembra é que elas estavam correndo de mãos dadas e a Rainha estava correndo tão rápido que tudo que ela podia fazer era acompanhá-la: e ainda a Rainha continuava gritando “Mais rápido! Mais rápido!”, mas Alice sentia que ela não conseguia ir mais rápido, embora não tivesse mais fôlego para dizer isso.
A parte mais curiosa daquilo foi que as árvores e as outras coisas ao redor delas nunca mudavam de lugar: não importando o quão rápido fossem, elas não pareciam estar passando por nada. “Eu me pergunto se todas as coisas estão se movendo conosco?” pensou a pobre, confusa Alice. E a Rainha pareceu adivinhar os pensamentos dela, pois ela gritou, “Mais rápido! Não tente falar!”.
Eventualmente a Rainha parou de correr e suportou Alice contra uma árvore, dizendo a ela para descansar.
Alice olhou em volta bastante surpresa. “Oh, eu realmente acredito que estávamos correndo sob essa árvore o tempo inteiro! Tudo está exatamente como estava!”
“Claro que está”, disse a Rainha. “O que você queria?”
“Bem, em nosso país,”, disse Alice, ainda ofegante, “você normalmente chegaria a um outro lugar – se você corresse muito rápido por muito tempo, como nós corremos”.
“Um país lento, esse!” disse a Rainha. “Agora, aqui, sabe, é necessário toda a corrida que você tem para se manter no mesmo lugar. Se você quer ir a um lugar diferente, você deve correr pelo menos duas vezes mais rápido que aquilo!”.
A "Síndrome da Rainha Vermelha" é um conceito, um postulado de sociologia, publicado na forma de livro de não-ficção pelo autor e sociólogo Marcos Rolim. É sobre a frustrante sensação da personagem Alice de que quanto mais se corre, mais se fica no mesmo lugar:

“Agora, aqui, sabe, é necessário toda a corrida que você tem para se manter no mesmo lugar. Se você quer ir a um lugar diferente, você deve correr pelo menos duas vezes mais rápido que aquilo!”. 
Quantas vezes na vida nos pegamos sofrendo de tal Síndrome? Exatamente assim, correndo contra o tempo implacável para exatamente ficar no mesmo lugar? Somos frustrados com o bombardeamento pelas mídias diversas sobre a possibilidade de todo mundo ter "seu lugar ao Sol", como se o "sonho americano" fosse extensível para nós aqui também nas terras verde-amarelas.
Crescemos e amadurecemos em uma bolha social e filosófica onde nos é ensinado que: com o simples esforço e um "querer" conseguiremos atingir nossos objetivos utópicos: sermos ricos, famosos, e até mesmo coisas que julgamos simples, como sermos reconhecidos e amados simplesmente pelo nosso caráter e nossa honra, e não simplesmente pelo que temos ou nossa aparência externa, cor da pele, etc.
É aí que chegamos ao ponto de perceber que estamos fazendo exatamente o que Alice fez: correndo, correndo, correndo e correndo com toda força para ficar no mesmo lugar: pagar nossas contas, acordar cedo, trabalhar em uma rotina monótona e angustiantemente previsível, sustentar ego e luxúria de uma sociedade pautada pela aparência e com uma profundidade tão "grande" quanto uma piscina infantil.
E como Alice nós mesmos acabamos se frustrando, e exaustos pelo esforço inutilmente desenvolvido, desistimos de tentar, de ser, de criar, e passamos apenas a existir, de forma vazia e automática, como uma legião de fantasmas, vivendo a vida no "modo automático".
Mas, então como não ser vítima desse efeito? Você pode estar se perguntando. Simples: Se recuse a correr naquela direção!
Vamos a um exemplo:
Imagine que você tenha uma conta poupança em que tenha que depositar R$ 500,00 ao mês para que o seu saldo nunca caísse de R$ 400,00. Você iria continuar investindo seus recursos e tempo nessa conta? Claro que não! É obviamente um investimento ruim!
Entretanto, muitos continuam gastando seu tempo, energia e recursos nesses investimentos. Quantas vezes já percebeu que seu relacionamento acabou, mas você continua lá insistindo? Quantas vezes já percebeu que está doente financeiramente e continua lá, insistindo que pode resolver tudo sozinho?
Saia dessa competição! Encontre um caminho diferente para obter a mesma coisa. Pare de correr, nade. Pegue uma bicicleta. Busque uma direção diferente.
Todas as soluções para contornar o efeito da Rainha Vermelha tem algo em comum:
Recusar-se a participar em um jogo em que você está fadado a perder! 
Mude de tabuleiro! Afinal “Se você não sabe para onde ir qualquer caminho serve” como dito no texto de agosto. Não se permita ficar nesse jogo. Defina seu objetivo e vá realizá-lo!
Estamos aqui para te ajudar. Conte-nos: Do que você precisa para sair dessa corrida?
Até a próxima.