Bom dia amigos da
blogosfera. Sejam todos bem-vindos. Como estão a saúde financeira e a mental?
Espero que esteja a todo vapor.
Esse
mês o Blog Mente Sã Bolso São faz 2 anos de vida! Parabéns para nós e especialmente
para vocês que nos acompanham. Não tivemos a oportunidade de comemorar com
vocês essa data ... então veio à mente o assunto: Oportunidade! E como o segundo texto do mês é tema livre ... vamos lá!
Porque
tantos reclamam que não tem oportunidades enquanto outros parecem que andam em
sua companhia?
Kairós,
o deus das oportunidades
Kairós,
o deus da oportunidade, era filho de Zeus - o deus dos deuses e de Tykhé, a
divindade da fortuna e prosperidade. Descrito como um belo jovem caracterizado por possuir cachos de
cabelo apenas sobre a testa, sendo calvo na parte de trás da cabeça (em uma
alusão às oportunidades que só podem ser devidamente capturadas quando vêm ao
nosso encontro, nunca depois que já passaram), asas nas costas e nas pernas
(pois o momento favorável é sempre rápido e fugaz) e uma navalha na mão.
Não basta tentar “caçar” a
oportunidade, é também preciso fazê-lo com virtude e habilidade ou a tentativa
pode facilmente ferir e ser até fatal – quando a oportunidade vira tragédia.
Era
um atleta e tinha uma agilidade incomparável. Resplandecente e com a flor da
juventude. Se assemelhava a Dioniso; tinha as bochechas vermelhas e a pele
delicada.
Sempre
sem roupas, ele corria rapidamente e só era possível alcançá-lo agarrando-o
pelo topete, ou seja, encarando-o. Depois que ele passava, era impossível
perseguí-lo, pegá-lo ou trazê-lo de volta. Na entrada do estádio em Olímpia
havia dois altares: um era consagrado a Hermes, que simbolizava os jogos e o
outro era consagrado a Kairós, que simbolizava a oportunidade.
Não basta tentar “caçar” a oportunidade, é também preciso fazê-lo com virtude e habilidade ou a tentativa pode facilmente ferir e ser até fatal – quando a oportunidade vira tragédia.
Entre
os romanos era chamado de Tempus, o breve momento em que as coisas são
possíveis. Kairós tinha o poder do movimento rápido que podia passar
despercebido aos olhos desatentos, tornando impossível recuperar a visão de sua
passagem. Dada à sua natureza difícil, raramente proporcionava uma segunda
chance. Na filosofia grega e romana é a experiência do momento certo e
oportuno. Kairós era o tempo em potencial enquanto kronos era a duração de um
movimento e uma criação.
Kronos,
era descrito como o velho, o Senhor do tempo, das estações, da pressão das
horas ordenadas pelo relógio e pelos dias, meses e anos determinados pelo
calendário. Cruel e tirano, Kronos controlava o tempo desde o nascimento até a
morte, aquele tempo comum, real, visível e rotineiro. O Tempo kronos era o ditador
da quantidade de coisas realizadas durante o dia, o tempo burocrático, o tempo
humano, o tempo que nunca é suficiente, o tempo que escraviza, preocupa e
estressa. Kronos deu origem ao cronômetro e aos medidores do tempo, o tempo dos
homens.
Kairós
era descrito como um jovem que não se importava com o relógio, o calendário e o
tempo cronológico. Kairós era o tempo que não podia ser cronometrado, o tempo
que não pertencia a Kronos porque não era previsível, apenas acontecia, por
isso chamado de momento ou oportunidade. É o tempo divino que o vento traz, a
vida conspira, decide acontecer sem tempo, sem hora marcada, se manifesta
instante a instante e permanece eterno. Kairós marca os momentos que se tornam
eternos, ainda que tenham sido breves. Os gregos acreditavam que com Kairós
poderiam enfrentar o cruel tirano Kronos.
Os
gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: Khronos e Kairós. Enquanto
Khronos faz referência ao tempo cronológico, sequencial, o tempo que se mede,
Kairós é o momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, a
experiência do momento oportuno.
Vivemos
no contexto de Kronos, do tempo linear, o tempo que corre sempre para frente.
Observamos a nossa idade avançar, o desenrolar de acontecimentos, mudanças,
declínios e ascensões. Este é o tempo de Kronos, sempre implacável: algumas
vezes cruel, outras vezes benigno, que dita o nosso tempo de vida. Estamos tão
condicionados à necessidade de cumprir as expectativas do tempo imposto pelo
relógio, que não nos permitimos ser naturais: tornamo-nos mecanizados pela
força do tempo que exige de nós cada vez mais tempo.
Kronos
nos torna menos humanos e nos torna mais máquinas, porque está sempre ao nosso
encalço exigindo pontualidade, estabelecendo ritmos e metas. Máquinas
enferrujam enquanto as pessoas envelhecem. Desde pequenos somos condicionados a
Kronos para sermos aceitos, Kronos é severo e amedrontador que receamos ser
devorados por ele. Pagamos um alto preço para cumprir as normas do tempo,
deixamos de ser quem somos, repetimos trabalhos dia após dia até que
aposentando, somos arremessados à depressão do nada fazer.
Em
nossa vida estamos sempre lutando contra o tempo tentando distribui-lo entre as
nossas diversas atividades diárias. A sensação de estar perdendo tempo com
alguma coisa, seja no trabalho ou em um relacionamento, mostra a nossa
preocupação com o tempo que escorre e nos deixa insatisfeitos. É o tempo que
utilizamos para atender as expectativas externas e mesmo que queiramos otimizar
o tempo, não garante a nossa felicidade. Porque para nos sentirmos felizes, é
preciso mais do que usar o tempo com eficiência.
Kairós
está relacionado à qualidade do tempo vivido, um tempo divino, presente nos
momentos especiais e inesquecíveis, que não se perdem no tempo do calendário.
Ele flui, vai e retorna marcando os momentos emocionantes. Refere-se a um
instante, ocasião ou momento, que deixa uma impressão forte e única por toda a
vida. Por isso, Kairós refere-se a uma experiência atemporal na qual percebemos
o momento oportuno em relação à determinada ação.
Quantos
momentos Kairós deixamos de viver, por estarmos preocupados com o tempo Kronos:
o primeiro sorriso de um filho, uma mão estendida no momento oportuno, o abraço
confortante no momento de tristeza, um carinho que arranca a tristeza do
coração em um momento de infelicidade. São muitos momentos Kairós, que apesar
de breves, fazem a diferença. Quantos momentos Kairós são lembrados depois que
alguém se foi e, independentemente do tempo Kronos que tenhamos vivido com essa
pessoa, são os momentos Kairós que deixam as lembranças inesquecíveis.
São
as recordações dos momentos Kairós que nos fazem sentir saudade. Quando estamos
vivendo os momentos Kairós queremos que Kronos permaneça imóvel, porque
queremos que o tempo pare para eternizar o momento. O momento passado é único
mas pode ser revivido quando se fecha os olhos para senti-lo novamente. E por
permitir sentir novamente, ele também se relaciona ao ressentimento, que é a
face negativa de Kairós.
Trazendo
o mito de Kairós para o nosso passado, certamente iremos constatar que muitas
vezes o tempo das oportunidades se fez presente e o deixamos escapar. Bons
negócios, possibilidades de estudos e relacionamentos, chances de perdão e
reconciliação, são algumas das aberturas que ocorreram, que poderiam ter
atenuado a implacabilidade de Khronos. Este sempre segue o seu curso, não
obstante nossas perdas ou ganhos.
Quando
vivemos no tempo Kairós aumentam as oportunidades em nossa vida. Basta repensar
como surgiram nossas melhores oportunidades: de certa forma, estávamos
desprogramados das exigências do tempo cronológico. Para os gregos Kronos
representava o tempo que faltava para a morte, um tempo que se consome a si
mesmo. Por isso, seu oposto é Kairós: momentos afortunados que transcendem as
limitações impostas pelo medo da morte.
Sempre
que agimos sob o tempo kairós, as coisas costumam dar certo porque sabemos a
hora certa de estar no lugar certo. Por exemplo, quando estamos quase
desistindo de algo e resolvemos dar um tempo para a pressão, do nada surgem as
pessoas certas que nos ajudam com soluções reais e práticas. Agir no tempo
regido por Kairós é similar a um ato mágico. Kairos é o tempo oportuno, livre
do peso de cargas passadas e sem ansiedade de anteceder o futuro. Ele se
manifesta no presente, instante após instante.
Oportunidade... Eis a palavra que
mais ouço as pessoas insatisfeitas pronunciarem.
·
"Ainda
não tive a oportunidade",
·
"Se
Deus quiser, esta oportunidade vai chegar",
·
"Faltam
oportunidades de crescimento...".
A oportunidade (ou a ausência dela) é
a desculpa mais comum para as pessoas ficarem onde estão. A oportunidade é
vista por essas pessoas como algo externo, e quando dizem isso, os criadores de
desculpas, no fundo estão se consolando: "Tudo o que eu poderia fazer eu
já fiz, agora dependo da sorte...". O que a maioria das pessoas não
percebe é que a oportunidade é uma circunstância criada por cada um de nós. São
nossas ações frente a um problema, uma dificuldade ou limitação que
transformarão este descontentamento em oportunidades.
Criar oportunidades está relacionado
com buscar a excelência profissional e pessoal, sair da média, reconhecer
falhar e praticar iniciativa. Quando colocamos em prática estas ações, as
oportunidades aparecerão indubitavelmente.
Em uma conversa de bar, um amigo
disse:
"Não sei mais o que fazer, busco
uma oportunidade de promoção em minha área há mais de um ano. A empresa não
valoriza o colaborador, e quando há possibilidade de promoção abre-se seleção
interna e externa, e em quase 90% dos casos, alguém de fora é contratado."
Compreendo perfeitamente a decepção.
Mas é importante que você saiba que mais do que buscar uma oportunidade na sua
empresa, para alcançar este crescimento, a empresa precisa ver uma oportunidade
em VOCÊ. Se nas seleções, pessoas de fora são contratadas e você realmente é
capacitada para a promoção, só pode ser por um destes dois motivos:
1.
Você não está mostrando verdadeiramente toda sua capacidade,
conhecimento, força de vontade, iniciativa e disposição. Está perdendo a
oportunidade de mostrar o que sabe.
2.
A empresa não tem política de promoção baseada na meritocracia
ou não consegue, apesar de todo o seu esforço, reconhecer todo o talento e
todas as vantagens em ter você nesta nova posição. Neste caso, quem está
perdendo a oportunidade é a empresa, afinal em algum momento, alguém vai
perceber sua competência. E esse alguém pode até ser o concorrente.
O fato, é que em ambos os casos, há
perdas. Por isso, não podemos deixar de reconhecer a oportunidade que temos
todos os dias de ser o melhor naquilo de fazemos, e sempre que possível,
mostrar que fazemos bem feito. Assim seremos vistos como verdadeiras
oportunidades pelas pessoas que nos cercam.
Diante dos obstáculos, sempre temos a
oportunidade de fazer o melhor e seguir em frente. O erro é uma oportunidade
para encontrarmos o caminho do acerto, e o fracasso uma oportunidade de
buscarmos um caminho com mais segurança.
Tenha sempre em mente que: Hoje
é o melhor dia da sua vida para ser o melhor profissional, o melhor pai, a
melhor mãe, o melhor amigo. Mas como temos esta oportunidade todos os dias,
deixamos o melhor para amanhã. Um amanhã que nunca chega, pois, a oportunidade
se situa somente no momento presente."
A propósito, Kairós é representado
por uma figura que tem uma trança na testa e é careca na nuca, para nos
lembrar:
"Só podemos agarrar a oportunidade quando ela está vindo, pois depois que passou não temos mais onde segurá-la".
Esse
tempo mágico ou oportuno é um convite para nos despojarmos da razão exagerada,
cronológica e voltarmos a brincar com o tempo e vivê-lo com leveza e
intensidade. O espírito infantil é livre para aprender, criar e pode resgatar a
busca da compreensão da totalidade humana. O arquétipo da eterna criança deve
encontrar acolhida em nossos corações para que possamos prosseguir na travessia
de nossas vidas, aprendendo sempre ou pelo menos tentando, como um eterno
aprendiz. (lembrei até de uma música do Gonzaguinha – O que é, o que é?)
Quer uma oportunidade para colocar
tudo isso em prática? Vamos lá, este é o momento - agarre-o agora, porque
depois... Só a nuca careca...
A
única pessoa que pode impedir seu crescimento é você mesmo!
Não
se esqueça: Foco, Força e Fé.
Até
a próxima