terça-feira, 1 de novembro de 2016

Medicina e finanças

Bem-vindos de volta!

Estava dia desses conversando com um a amiga, que é médica, sobre a rotina de trabalho dela e me dei conta que podemos traçar um paralelo bem grande entre a medicina e as finanças.


Logo de cara pude perceber que a gente só costuma tratar da saúde (corporal ou financeira) de forma a remediar o estrago e não para prevenir o mal. Sempre vamos postergando um diagnóstico profissional, nutridos por uma sensação (ainda que falsa) de que no fim das contas tudo vai se ajeitar sozinho.

E mesmo quando a melhora não vem ainda somos resistentes. Vamos ao vizinho perguntar o que ele fez quando teve sintomas parecidos ou então ao vendedor da farmácia (no caso das finanças, vamos ao banco/financeira) pedir que nos indique um remédio.

Não quero desmerecer seu vizinho; nem o farmacista. Quero é que você perceba que, na maioria das vezes, o seu convizinho não tem formação na área de saúde para receitar um medicamento e que o balconista da farmácia ganha comissão sobre as vendas.

Mas não se culpe, em algum momento da vida eu também já fui assim (e ainda sou, com relação a medicamentos. Ainda pergunto aos meus pais qual remédio para dor de garganta, mesmo eles sendo um engenheiro e uma professora =P). Mas ainda bem que existem pessoas que vêm para nos alertar quanto a essa más práticas. E fica aqui o meu agradecimento público a essa minha amiga. Obrigado Dra. Saraiva!


Seguindo com a analogia, se para tratar de uma doença um médico começa a consulta fazendo a anamnese¹, e também isso é o que deveríamos fazer com as finanças. Vamos aos equivalentes:

Queixa principal (QP): Em poucas palavras, o profissional registra a queixa principal, o motivo que levou o paciente a procurar ajuda.
História da dívida atual (HDA): No histórico da dívida atual é registrado tudo que se relaciona à queixa principal: sintomatologia, época de início, história da evolução da dívida, entre outros. A clássica tríade: Quando, como e onde isto começou.
História financeira pregressa (HFP): Adquire-se informações sobre toda a história financeira do paciente, mesmo das condições que não estejam relacionadas com a dívida atual.
Histórico familiar (HF): Neste histórico é perguntado ao paciente sobre sua família e suas condições de trabalho e vida. Procura-se alguma relação de hereditariedade com dívidas.
História pessoal (fisiológica) e história social: Procura-se a informação sobre a ocupação do paciente, como: onde trabalha, onde reside, se compra por impulso, se compra para ostentar, se compra o que não precisa, se tem algum vício (em álcool, apostas/jogos, festas, drogas entre outras) etc.

Analisando as informações da anamnese, o médico pode levantar hipóteses de diagnósticos e definir métodos de ação, e nós, sem ter a pretensão de nos compararmos com médicos, prescrevemos abaixo algumas dicas que podem lhe ajudar a encontrar uma linha de tratamento para recuperar/melhorar sua saúde financeira:

Resultado de imagem para anamnese

i) Descobrir o quanto você deve – hora de reunir todas as contas que estão atrasadas e também as que estão perto de vencer;

ii) Renegociar as dívidas – muitas vezes os credores aceitam uma renegociação das dívidas já vencidas. Se você for até ele espontaneamente e demonstrar que tem interesse em quitar os débitos, é muito possível que aceitem reduzir os valores devidos retirando parte dos juros aplicados;

iii) Pagando aos credores – o ideal é conseguir pagar todas as contas na integralidade, mas se isso não for possível dê preferência àquelas que tem maior taxa de juros, como cartão de crédito (± 471% ao ano) ou cheque especial (± 311% ao ano) ou agiotas (que sabe-se lá o que podem fazer);

iv) Controlando gastos – pode parecer exagero, mas registrar TODOS os gastos do dia a dia ajuda. Anotar desde aquele "passatempo da sua viagem" que custou R$1,00 até a compra no shopping pós expediente paga com o cartão de crédito que vai vencer só no meio do próximo mês;

v) Cortando os supérfluos – com o controle de gastos podemos saber todo o dinheiro que é gasto “por capricho”, como aquelas comidinhas que compramos por impulso.

vi) Pergunta chave – essa funciona para mim e acredito que também vá funcionar para você. Toda vez que tenho vontade de comprar alguma coisa eu me pergunto se realmente preciso. Se a resposta for NÃO, tudo ok, só não comprar. Se a resposta for SIM, então eu espero mais uns cinco ou seis dias e se essa sensação de que é necessário persiste então efetuo a compra.


Essas são algumas dicas básicas e genéricas que já devem ajudar a equalizar as finanças e sair do vermelho. Nos próximos posts continuaremos trabalhando no assunto e apresentando aqui mais formas de reduzir os gastos.

Amplexos!


fontes referenciais


¹ Anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu doente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença ou patologia. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.