Salve
galera, bem-vindos de volta! Como vocês estão, tudo beleza?
Hoje
vou usar o espaço Mente Sã para falar de um filme, um documentário
na verdade: Minimalismo – Um
documentário sobre as coisas importantes.
Eu tive o meu primeiro contato com o minimalismo por meio do fundador da Apple. Eu me lembro
de ter lido numa reportagem que o Steve Jobs
tinha em sua casa pouquíssimos móveis e não aceitava ter objetos
somente para preencher espaços.
Naquele
momento eu ainda não sabia que a atitude de Jobs era um exemplo
de um movimento
de simplificação, mas lembro que achei o máximo a foto que
acompanhava a reportagem exibindo uma grande sala com apenas uma
luminária,
uma vitrola e alguns discos e livros.
Alguns anos depois, já estudando publicidade, fui
descobrir que opção de Jobs naquela foto por poucos itens tinha
mais a ver com suas paranóias
por perfeição e menos com minimalismo; fui saber também que o
minimalismo é um movimento artístico, cientifico e cultural que
prega que devemos nos ater somente àquilo que é realmente
importante, abrindo mão dos excessos e dos supérfluos.
Apenas para não ser injusto com Steve Jobs, muito
embora ele fosse de fato paranóico em sua busca pela perfeição,
minhas leituras sobre o gênio
da Apple sempre destacaram que ele era também minimalista.
Mas como a ideia aqui, hoje, não é falar sobre
“o cara da maçã”, deixe-me voltar
para o documentário.
O
filme é centrado em dois caras –
Joshua Fields
Millburn e Ryan
Nicodemus – que
eram vistos como pessoas bem sucedidas e que estavam em ascensão nas suas
carreiras, tinham salários na casa dos 3 dígitos, eram amigos e não
se sentiam verdadeiramente felizes.
Um
dia Joshua encontrou com seu amigo e achou que ele estava diferente,
que tinha mudado e para melhor. Ryan parecia feliz, verdadeiramente
feliz. E como um bom amigo Joshua convidou Ryan para almoçar,
pagou-lhe um sanduíche e perguntou o que havia acontecido para que o
amigo estivesse assim tão feliz. Ryan contou a Joshua que estava vivendo
o minimalismo, e - adiantando a fita - os dois decidiram largar suas carreiras, começar um
blog, escrever um livro e viajar fazendo a divulgação do trabalho.
Ok! me empolguei e fui super minimalista na descrição do
documentário né? Pois é, mas foi de propósito, porque eu queria
copiar aqui
para vocês o
ótimo
texto do Matheus de Souza (www.matheusdesouza.com),
que foi onde eu tomei conhecimento do documentário.
Desejo
uma boa leitura a todos e aguardo pelos comentários sobre o filme.
Um
grande amplexo.
- - -
Mas, quem são os Minimalistas e o que é o minimalismo?
Quando sua mãe faleceu e seu casamento terminou em divórcio, ambos no mesmo mês, Joshua teve uma epifania. Percebeu que a maioria de suas posses materiais não estavam agregando valor à sua vida ou ajudando-o a se tornar mais feliz. Foi então que se livrou de boa parte dos seus pertences a fim de se concentrar nas coisas que realmente importavam para ele.
Ryan, que estava se sentindo mal por ter treinado sua equipe para vender celulares a crianças de 5 anos, percebeu que o semblante de Joshua havia mudado. Ele estava sereno, parecia feliz. Ao descobrir que o motivo era a mudança radical em seu estilo de vida, fez o mesmo que o amigo: encaixotou suas coisas e se livrou de 80% do que tinha. Sentiu um peso sair de suas costas.
Os amigos criaram um blog sobre sua nova filosofia de vida. Logo veio um podcast, palestras e, mais recentemente, o documentário. O minimalismo é um estilo de vida onde você reduz suas posses de tal forma que tenha apenas itens que realmente tragam valor à sua vida. Trata-se de remover o excesso de sua vida, de modo que você seja capaz de se concentrar no que é mais importante. Não há limite de itens ou restrições específicas. E, eles não estão dizendo que todo o tipo de consumo é prejudicial. É apenas uma maneira mais simples de viver para reduzir o estresse e ter mais liberdade.
“Imagine uma vida com menos: menos coisas, menos desordem, menos estresse e descontentamento… Agora imagine uma vida com mais: mais tempo, mais relações significativas, mais crescimento, contribuição e contentamento”.Joshua Millburn e Ryan Nicodemus. Foto: Divulgação.
Isso é útil? Me traz alegria?
Dan Harris, autor do ótimo “10%
Mais Feliz“, é um dos entrevistados do documentário. Ele
compartilha sua experiência sobre estresse e ansiedade. Em 2004,
Harris
teve um ataque de pânico em rede nacional enquanto apresentava o
“Good
Morning America”
da rede ABC.
Durante a entrevista, menciona que o melhor conselho que recebeu
até hoje, no contexto da ansiedade, foi sobre perguntar a si mesmo
se “Isso é útil?”. A pergunta lembra o conceito de
“Isso me traz
alegria?” da autora japonesa Marie Kondo.
Desde que li pela primeira vez a frase “menos é mais”,
num artigo sobre a obsessão de Steve Jobs com designs
minimalistas, resolvi seguir essa filosofia. Eu recém tinha
completado 20 anos, era um jovem comum que adorava comprar roupas de
marcas famosas e sonhava em ter um carro importado. Afinal, pra mim
isso era sinônimo de status pessoal.
O que percebi, com o tempo, é que nenhuma daquelas coisas me
traria alegria. Quem segue um estilo de vida consumista, geralmente,
compra itens apenas para seguir modismos e fazer parte de um grupo.
Me dei conta de que as pessoas com as quais eu me importava de
verdade não estavam nem aí se eu andava de Corolla ou Fusca. Se
vestia uma camisa da Tommy Hilfiger ou da Renner.
Quando deixei de ter um comportamento consumista, passei a ser
menos ansioso. Ao invés de juntar dinheiro para ter coisas,
percebi que seria mais feliz utilizando minhas economias para viajar,
por exemplo. Troquei o carro por uma bicicleta e logo me sobrou grana
para um mochilão pela Europa. Enquanto alguns conhecidos me
mostravam seus novos iPhones ou Galaxys, eu e meu velho BlackBerry
embarcávamos para Nova York.
E veja que não existe certo ou errado nessa história. São
escolhas. Mas, nunca estive tão bem comigo mesmo. E sereno, como
Joshua.
Ame as pessoas e use as coisas — porque o
oposto nunca funciona
Se eu sou minimalista? Não no nível de Joshua ou Ryan. Eu continuo comprando coisas. E eles também, na verdade. O objetivo do documentário não é fazer com que as pessoas joguem fora todas as suas posses e se mudem para um bangalô. O ponto central é simplesmente perguntar-se por que você possui as coisas que possui, o que elas acrescentam à sua vida e se você pode viver tranquilamente sem elas.
Essa ideia de desapego material me lembrou dois fatos recentes.
O primeiro é sobre o Serafín (70) e a Shirley (69), um casal de idosos casados há 40 anos. Em maio eles partem para uma viagem de volta ao mundo. De moto! Numa Honda CG 160 Titan — o único bem material dos dois.
Eles entenderam qual o verdadeiro patrimônio em nossa passagem por esta vida e o porquê ela vale a pena ser vivida. Quando escrevi aquele artigo, o Serafín me contou que eles finalmente compreenderam que o que realmente vale é o ser — e não o ter. E que, por sinal, isso é a única coisa que levamos para o outro lado junto com as nossas escolhas. Todo o resto fica aqui. Por mais que, na teoria, saibamos disso desde muito jovens, é apenas “quando a água bate na bunda” que entendemos o sentido real por trás de frases clichês que circulam por aí.
Já o segundo fato tem a ver com algo que comprei. Recentemente adquiri um Kindle, o leitor digital da Amazon. O interessante nisso é que uma compra feita por impulso (sou um ser humano, afinal de contas), fez com que eu deixasse de amar meus livros físicos — ou 90% deles. Ao olhar minha estante repleta de volumes empoeirados, pensei comigo mesmo: “isso é útil?“. Não. Eu não preciso mais deles. Já posso me desapegar. Percebem como a compra de um item gerou o desapego de uma centena de outros?
Coisas, coisas, coisas
“Na Natureza Selvagem”, filme que conta a história real de Christopher McCandless, um viajante que deixou de lado o sonho da carreira bem-sucedida e as convenções sociais, tem um diálogo bastante marcante pra mim.
Walt, pai de Christopher, diz que quer presenteá-lo com um carro novo. Presente de formatura. A resposta do filho é um discurso parecido com o dos Minimalistas.
“Um carro novo? Por que eu iria querer um carro novo? O Datsun (seu carro, modelo B210 de 1982) é ótimo. Vocês acham que eu quero um carro chique? Vocês estão preocupados com o que os vizinhos pensam?”.
Seu velho Datsun era útil para o seu dia a dia. Ele não precisava de um carro melhor.
A cena, em inglês — não encontrei a versão legendada —, pode ser assistida abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=Kb83JKfxYn8