terça-feira, 15 de novembro de 2016

Filosofando

Olá pessoas, bem-vindas de volta!
E então, descobriram quem mexeu no seu queijo?

Dando sequência a nossa proposta de trabalhar para também manter a Mente Sã, hoje é dia de nova indicação literária.

Contrariando o programado – que seria falar de livros que já li – hoje trago para vocês uma obra cuja leitura ainda está em curso. Comecei a ler Filosofia Para Corajosos e fiquei tão encantado que quis compartilhar logo esse título.



O autor – Luiz Felipe Pondé – nos convida a pensar com nossa própria cabeça e, para tanto ele nos leva a um passeio por temas tão diversos como, por exemplo, moral e ética, religião, política e economia. Todos sempre permeados por grandes filósofos e pensadores como Kant, Nietzche, Pascal, Aristóteles e Platão.

Apesar de todos os seus títulos (filósofo, escritor, ensaísta, Doutor e Pós-Doutor em Filosofia), Luiz Felipe Pondé consegue escrever de forma tão leve, simples e direta que até mesmo pessoas como eu, que não entendem quase nada de filosofia, podem devorar o livro (sim; devorar mesmo, pois a leitura flui muito fácil e rápida) entendendo as referências e sem se sentir perdido.

Para mim, o único problema do livro é que ele me deixa num dilema. Estou com o livro na cabeceira da cama, olhando para ele com pena de terminar, mas, ao mesmo tempo, ávido por lê-lo. Isso acontece com vocês também? Quando o livro é bom vocês se apegam? Se sim, diz ali nos comentários quais foram os livros que causaram esse apego.

Para fechar, queria deixar para vocês uma resenha da ótima Eliana de Castro, escrita na Fausto Mag (www.faustomag.com).

Um grande amplexo e até breve.



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Nem todos sabem, mas Luiz Felipe Pondé é bastante engraçado. De verdade! Pensar com a própria cabeça, como recomenda o subtítulo de seu novo livro, pode começar por aí. Esqueça os estereótipos que envolvem o autor. “Filosofia para Corajosos” é para audaciosos sim, mas também para quem deseja ter uma experiência agradável com a filosofia. O fato de Pondé ser divertido garante um pouco isso. E ao contrário do que supõem os “ungidos”, como diz o escritor, tornar a experiência filosófica deleitosa não a desvaloriza, muito menos a trajetória do próprio autor. Um de seus primeiros conselhos, inclusive, é “desistir de agradar quando se pensa”.



Torna-se, então, uma vantagem competitiva no universo egocêntrico dos intelectuais falar de maneira tão simples? Pode ser. O que não há dúvidas é o maneio sedutor do filósofo na arte de ensinar. Talvez, e exatamente por isso, o lançamento da vez possa causar algum tipo de irritação nervosa: o leitor comum vai compreender princípios básicos da filosofia. Sabe o tal do imperativo categórico? Ou a diferença entre ética e moral? Este último, Pondé trata assim: “é mesa e table.”


Nietzsche, Kant, Platão, Aristóteles. Todos eles aplicados como pouco se lê por aí. O intuito do escritor com este livro não é tornar ninguém mais feliz, mas “pelo menos um pouco menos medíocre”. Os capítulos são curtos, fáceis de acompanhar e seguem sem uma metodologia específica: “prefiro o gozo filosófico ao método filosófico.”

Como sempre faz em seus livros, Pondé recomenda títulos que tornam o bate-papo literário, literalmente mais profundo. Há tanto indicações da literatura universal quanto de grandes nomes do pensamento. Dos imprescindíveis, que tal Schelling e “A essência da liberdade humana”? É o título com o qual Pondé abre este novo trabalho. De romântico para romântico – e só os “idiotas” são incapazes de perceber – o novo título continua revelando a força motriz de seus textos: revolta e melancolia. Este fato, logo, nos leva a pensar em outro ponto curioso: como uma pessoa com visão de mundo, digamos, tão pessimista motiva a tantos a segui-lo? Pergunta para os que buscam uma vida perfeita. E esses também têm lugar neste livro.


A divisão dos temas em “Filosofia para Corajosos” é bastante pessoal. Em “Uma filosofia em primeira pessoa”, Pondé conta como deixou a medicina pela filosofia e algumas de suas motivações – nada, aliás, motivadoras. Ironias não faltam: “Ainda que bobinhos achem que avançamos porque eles juram fidelidade à rúcula…”

Na segunda parte – “Grandes tópicos da filosofia ao longo do tempo” -, o escritor discorre sobre religião e espiritualidade, metafísica, a existência de Deus, vida após a morte, materialismo, hedonismo, entre outros temas que não saem das conversas cotidianas. Agora, se você se assustou com todos esses termos, não se preocupe. Outra arte de Pondé é transformar seus demônios em esperança para os outros. Em um mundo cheio de “modelos de sucesso”, talvez o que os inquietos mais anseiem seja justamente alguém que prove que você não é o único fracassado.

Filosofia para Corajosos” é isso: “filosofia do ponto de vista do usuário”. Na terceira e última parte, cujo título é “Por que acho o mundo contemporâneo ridículo”, o provocador das segundas-feiras encerra tratando sobre a cultura dos direitos, narcisismo, desigualdade social e mania de perfeição: “A vida é bela, violenta e imunda, não há como fugir disso sem eliminar a própria vida.”

Definitivamente – preparem suas armas, “ungidos” – este livro não é para quem nega as questões mais humanas em todos nós. Por isso mesmo cotidianas, por isso mesmo banais. É preciso mesmo um pouco de coragem para enfrentá-las.


Eliana de Castro
Jornalista pós-graduada em Cultura pela FAAP, é mestranda em Ciência da Religião pela PUC-SP.






terça-feira, 1 de novembro de 2016

Medicina e finanças

Bem-vindos de volta!

Estava dia desses conversando com um a amiga, que é médica, sobre a rotina de trabalho dela e me dei conta que podemos traçar um paralelo bem grande entre a medicina e as finanças.


Logo de cara pude perceber que a gente só costuma tratar da saúde (corporal ou financeira) de forma a remediar o estrago e não para prevenir o mal. Sempre vamos postergando um diagnóstico profissional, nutridos por uma sensação (ainda que falsa) de que no fim das contas tudo vai se ajeitar sozinho.

E mesmo quando a melhora não vem ainda somos resistentes. Vamos ao vizinho perguntar o que ele fez quando teve sintomas parecidos ou então ao vendedor da farmácia (no caso das finanças, vamos ao banco/financeira) pedir que nos indique um remédio.

Não quero desmerecer seu vizinho; nem o farmacista. Quero é que você perceba que, na maioria das vezes, o seu convizinho não tem formação na área de saúde para receitar um medicamento e que o balconista da farmácia ganha comissão sobre as vendas.

Mas não se culpe, em algum momento da vida eu também já fui assim (e ainda sou, com relação a medicamentos. Ainda pergunto aos meus pais qual remédio para dor de garganta, mesmo eles sendo um engenheiro e uma professora =P). Mas ainda bem que existem pessoas que vêm para nos alertar quanto a essa más práticas. E fica aqui o meu agradecimento público a essa minha amiga. Obrigado Dra. Saraiva!


Seguindo com a analogia, se para tratar de uma doença um médico começa a consulta fazendo a anamnese¹, e também isso é o que deveríamos fazer com as finanças. Vamos aos equivalentes:

Queixa principal (QP): Em poucas palavras, o profissional registra a queixa principal, o motivo que levou o paciente a procurar ajuda.
História da dívida atual (HDA): No histórico da dívida atual é registrado tudo que se relaciona à queixa principal: sintomatologia, época de início, história da evolução da dívida, entre outros. A clássica tríade: Quando, como e onde isto começou.
História financeira pregressa (HFP): Adquire-se informações sobre toda a história financeira do paciente, mesmo das condições que não estejam relacionadas com a dívida atual.
Histórico familiar (HF): Neste histórico é perguntado ao paciente sobre sua família e suas condições de trabalho e vida. Procura-se alguma relação de hereditariedade com dívidas.
História pessoal (fisiológica) e história social: Procura-se a informação sobre a ocupação do paciente, como: onde trabalha, onde reside, se compra por impulso, se compra para ostentar, se compra o que não precisa, se tem algum vício (em álcool, apostas/jogos, festas, drogas entre outras) etc.

Analisando as informações da anamnese, o médico pode levantar hipóteses de diagnósticos e definir métodos de ação, e nós, sem ter a pretensão de nos compararmos com médicos, prescrevemos abaixo algumas dicas que podem lhe ajudar a encontrar uma linha de tratamento para recuperar/melhorar sua saúde financeira:

Resultado de imagem para anamnese

i) Descobrir o quanto você deve – hora de reunir todas as contas que estão atrasadas e também as que estão perto de vencer;

ii) Renegociar as dívidas – muitas vezes os credores aceitam uma renegociação das dívidas já vencidas. Se você for até ele espontaneamente e demonstrar que tem interesse em quitar os débitos, é muito possível que aceitem reduzir os valores devidos retirando parte dos juros aplicados;

iii) Pagando aos credores – o ideal é conseguir pagar todas as contas na integralidade, mas se isso não for possível dê preferência àquelas que tem maior taxa de juros, como cartão de crédito (± 471% ao ano) ou cheque especial (± 311% ao ano) ou agiotas (que sabe-se lá o que podem fazer);

iv) Controlando gastos – pode parecer exagero, mas registrar TODOS os gastos do dia a dia ajuda. Anotar desde aquele "passatempo da sua viagem" que custou R$1,00 até a compra no shopping pós expediente paga com o cartão de crédito que vai vencer só no meio do próximo mês;

v) Cortando os supérfluos – com o controle de gastos podemos saber todo o dinheiro que é gasto “por capricho”, como aquelas comidinhas que compramos por impulso.

vi) Pergunta chave – essa funciona para mim e acredito que também vá funcionar para você. Toda vez que tenho vontade de comprar alguma coisa eu me pergunto se realmente preciso. Se a resposta for NÃO, tudo ok, só não comprar. Se a resposta for SIM, então eu espero mais uns cinco ou seis dias e se essa sensação de que é necessário persiste então efetuo a compra.


Essas são algumas dicas básicas e genéricas que já devem ajudar a equalizar as finanças e sair do vermelho. Nos próximos posts continuaremos trabalhando no assunto e apresentando aqui mais formas de reduzir os gastos.

Amplexos!


fontes referenciais


¹ Anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu doente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença ou patologia. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.