domingo, 18 de dezembro de 2016

Inflação

Bem-vindo (de volta)! Sim, sim, eu sei que no meio do mês deveria ser um post sobre algo diferenciado (livro ou filme ou esportes, etc), mas dessas vez, excepcionalmente, vamos quebrar esse ciclo e falar diretamente sobre economia. Você sabe me dizer o que é inflação?


Não? Não tem problema, você não está sozinho. Veja: 




O ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, diz que:

Inflação é o aumento geral e persistente dos preços. Estas duas características são cruciais. Se apenas uns poucos preços aumentam, enquanto os demais permanecem estáveis, não há como caracterizar um processo inflacionário, ainda que o índice de preços mostre valores positivos. Da mesma forma, se há um aumento de todos os preços num dado mês, por exemplo, por conta da imposição de algum tributo, mas estabilidade em seguida, também não temos como caracterizar inflação; esta tem que ser generalizada e persistente.”


De uma maneira mais simples, eu costumo dizer que inflação é a perda do poder de compra do dinheiro. Por exemplo, se há cinco anos você conseguia comprar 10 pãezinhos com R$1,00 e agora só consegue comprar 03 unidades, é porque a inflação corroeu 70% do seu poder de compra para esse item.


Mas e o que causa a inflação?

Se inflação é a perda do poder de comprar, então podemos intuir, de maneira simplista, que o que causa a inflação são preços mais altos.

Mas são várias as causas da inflação e dentre elas podemos citar:

Gastos Públicos
o governo gasta mais do que arrecada e para compensar lança mão da impressão de mais dinheiro e com isso o volume de dinheiro passa a ser maior que a oferta de serviços e bens a venda. E com mais dinheiro no mercado os preços sobem.

- o governo aumenta os impostos, visando aumentar a arrecadação para cobrir as despesas. As empresas, por sua vez, repassam ao consumidor esse aumento nos impostos. E por conta desses repasses os preços sobem.

Cartéis
- quando um produto é vendido por algumas poucas empresas e elas se juntam para determinar o preço desse produto acima do mercado ou restringem a produção, diminuindo a oferta. Com essas manobras os preços sobem.

Custos de Produção
- empresas fazem empréstimos para aumentar a produção e nesse meio tempo os juros sobem. Se os juros sobem, o custo do empréstimo fica maior e para cobrir essa diferença as empresas aumentam os preços de seus produtos/serviços.

- se o governo aumenta os impostos ou cria novos impostos, os custos de produção também são afetados. Para suprir esses novos custos, os preços aumentam.

Produção em Baixa
- as empresas começam a produzir menos do que o mercado necessita e, tornando a demanda maior que a oferta. Como o produto fica escasso, o consumidor se dispõe a pagar mais e com o consumidor de bolso aberto, o preço aumenta.

Indexação
- o reajuste do aluguel e alguns outros contratos são atrelados a inflação do período passado. Ou seja, para garantir que esses contratos tenham o mesmo valor, eles são reajustados de acordo com um índice inflacionário, assim a inflação de hoje passa ser o piso inicial de amanhã.

- Funciona assim: a alta de alguns preços faz a inflação subir. Essa inflação, em seguida, é usada para calcular o reajuste dos produtos e serviços que têm preço indexado. Como consequência, esses preços sobem – e, ao subirem, geram uma “nova inflação”, e isso vira um ciclo que se repete.

Inércia
- a empresa ou o trabalhador acreditam que a inflação vai subir. Como medida de reserva a empresa aumenta os preços para manter a margem de lucro ou o trabalhador pede um aumento para manter o poder de compra.


Como faz para medir a inflação?




Na teoria, para medir a inflação seria só pegar o preço dos produtos e compará-los com o preço do mês anterior, e essa diferença seria a variação da inflação. Mas isso é só na teoria, pois na prática tudo fica mais difícil.

Para começar, seria preciso definir quais seriam os produtos usados para esse cálculo, depois ainda teria de considerar as variações como, por exemplo, marca, tamanho da embalagem, variedade do produto, etc.

Se tiver interesse em saber um pouquinho mais sobre como é feita essa medição, pode olhar esse link aqui http://super.abril.com.br/cultura/como-e-medida-a-inflacao/ e também esse http://br.advfn.com/economia/inflacao/brasil/calculo.

Para tornar esse trabalho um pouco menos complicado, foram criados uma série de índices que permitem uma visualização mais simples e precisa para os diversos segmentos da economia e cada um serve para medir um tipo diferente de inflação.

Vamos aos principais índices:

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)

foi criado inicialmente com o objetivo de orientar os reajustes de salários dos trabalhadores e tem como objetivo oferecer a variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população.

IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)

foi instituído inicialmente com a finalidade de corrigir as demonstrações financeiras das companhias abertas e hoje é o índice oficial do Governo Federal para medição das metas inflacionarias.


IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15)
foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no mercado varejista, no período aproximado do dia 15 de um mês ao dia 15 do mês seguinte, mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população.

saiba mais em http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-ipca-15.htm

IGP (Índice Geral de Preços)

foi concebido para ser uma medida abrangente do movimento de preços. Ele registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. O IGP é formado pela média de três índices que refletem a economia: IPA (Índice de Preços por Atacado, com peso de 60%); IPC (Índice de Preços ao Consumidor, peso de 30%); e INCC (Índice Nacional de Custos da Construção, peso de 10%).

saiba mais em http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-igp.htm

IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna)

é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP) e registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. É usado para calcular reajustes de tarifas públicas, contratos de aluguel e planos e seguros de saúde (nos contratos mais antigos)

saiba mais em http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-igp-di.htm

IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado)

quando foi concebido teve como princípio ser um indicador para balizar as correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e Depósitos Bancários com renda pós fixadas acima de um ano. Posteriormente passou a ser o índice utilizado para a correção de contratos de aluguel e como indexador de algumas tarifas como energia elétrica.

saiba mais em http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-igp-m.htm

IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor)

mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas habituais de famílias e é usado como referência para avaliação do poder de compra do consumidor.

saiba mais em http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-ipc-fipe.htm

IPC-S ndice de Preço ao Consumidor Semanal)

Permite detectar com agilidade mudanças de curso na trajetória dos preços e tem seu uso nos reajustes salariais e contratos de aluguéis.



Os Efeitos da Inflação...

Nos juros: o governo, através do Banco Central, utiliza a taxa Selic para aumentar os juros e tentar conter o avanço da inflação. Como os juros sobem, tomar empréstimos fica mais caro, o que reflete diretamente nos financiamentos e compras parceladas.

Na poupança: Com a inflação acima do teto da meta, 6,5%, a poupança passa a render menos do que a inflação oficial, ou seja, se você deixa seu dinheiro guardado na caderneta, passa a perder dinheiro. E por quê? Porque dinheiro, ou salário, valendo menos do que a inflação, é dinheiro que se desvaloriza e compra menos do que comprava antes.

Além disso, no caso da poupança, pelas regras, quando os juros da Selic estão acima de 8,5%, ela rende apenas os 6% ao ano, mais a taxa de referência (TR), que é perto de zero (0,1835% quando escrevo esse artigo). Com inflação a um valor como 4%, a poupança continua rendendo 6%. Dois pontos a mais. Se a taxa subir para 8%, a poupança rende 6%. Dois pontos a menos.

No salário: normalmente o aumento salarial, quando corrigido pela inflação, tem como base o período compreendendo 12 meses para trás a contar da data do reajuste. O que ocorre é que daquela data para frente a inflação pode vir a subir e embora você esteja recebendo mais, vai continuar com a sensação de que falta dinheiro. Ex. Se, em maio, um determinado salário aumentou 4%, -- a inflação acumulada no período anterior --, e, em dezembro, a inflação acumulada seja de 10%, o salário perde 6% para inflação. Ou seja, se o valor era R$ 1.500,00, na verdade, está valendo R$ 1.410,00.

Nas contas públicas: quando o Banco Central aumenta da taxa Selic a fim de conter a inflação, esse aumento afeta também a dívida do governo, que paga juros sobre seus empréstimos (ex. Tesouro Selic). Como o governo não gera renda por si só e precisa de mais dinheiro para pagar suas contas, uma das medidas para arrecadar mais é aumentar os impostos já existentes ou criar outros.



como controlar a inflação?



Existem algumas técnicas utilizadas para controlar a inflação; dentre elas podemos citar a política fiscal e a política monetária. Mas, dentre todas as principais medidas adotadas pelos governos, aquela que surte efeito mais rápido é a elevação da taxa de juros, pois induz a redução do consumo e retira o “excesso” de moeda de circulação.


A saber:



A política fiscal visa aumentar os impostos, diminuindo o poder de compra das pessoas, e isso freia o consumo, o que estabiliza a inflação. Com mais impostos as pessoas têm menos dinheiro e com isso consomem menos.

Através da política monetária o governo dificulta os bancos a emprestarem dinheiro para a população, diminuindo assim o poder de compra das pessoas e freando o consumo, o que estabiliza a inflação.


E agora, depois de ler tudo, você já sabe me dizer o que é inflação? Espero que sim, e também espero que você não deixe mais o seu dinheiro parado e perdendo valor. Também espero que você tenha entendido que investimento que rende menos que a inflação não é investimento, mas sim prejuízo. E por fim, espero que você deixe aqui seu comentário dizendo o que achou do artigo.


Um grande amplexo e até a próxima.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

“Então é Natal e o que você fez? O ano termina, e nasce outra vez.”


Nessa época, sempre me lembro da música: “Então é Natal” do Cláudio Rabelo na voz da Simone. Logo vem a lembrança das noites em família, da mesa farta e principalmente dos presentes.
Sério, quem não gosta de receber presentes?
Quase passava mal com a espera do “bom velhinho” que só aparecia à meia noite, depois da ceia! E o pior: nós tínhamos que estar dormindo!
Bem, o tempo passou e hoje em dia, temos que ser 0 “bom velhinho”, preparar a casa para receber nossos familiares, agitar a ceia e é lógico: comprar os presentes!
E aqui acaba o conto de natal, pois saiba: há todo um planejamento estratégico de marketing dedicado a fazer apenas uma única coisa, que gastemos todas as nossas economias, o nosso salário e o nosso décimo terceiro nessa época! Sim, eles querem que compremos vários presentes, roupas novas, que enchemos a mesa de comida e comemoramos o Natal como pessoas ricas e prósperas.
Isso não é ruim! Já contei que curto bastante essa época: rever os nossos familiares, os nossos amigos e poder conversar e relembrar as coisas boas que passamos.
Entretanto, temos a obrigação de mostrar a armadilha que se esconde nesse "Natal" que a mídia nos apresenta.
Saiba que ninguém acorda endividado. A dívida é como uma doença que chega devagar, já falamos sobre isso em outro post se ainda não leu clique aqui
Tudo começa como uso do cheque especial e do cartão. É necessário que entenda que “esse crédito” é na verdade um Empréstimo. Se pagar o valor total da fatura não é tão ruim. O problema surge quando se começa a pagar parte dela ou pior, o seu mínimo. Pois, os juros são altíssimos e se tornam uma bola de neve, e aí... estaremos doentes, totalmente endividados.
Perceba. Não queremos que você se enclausure, se transforme em um “mão-de-vaca” e nem que saia por aí gastando todo seu salário como se o mundo fosse acabar amanhã, nossa meta neste blog é mostrar que podemos viver com uma segurança financeira e ao mesmo tempo economizar.
Por isso temos algumas propostas para você:
  • Que tal juntar a família e os amigos e fazer uma ceia de natal partilhada onde cada um leva um prato de comida. 
  • Pode-se também fazer um amigo oculto de cartões ou de presentes de baixo custo, pois o importante nesta época são as pessoas e não os bens materiais. 
  • Aproveite e dê uma boa olhada no teu guarda roupa e doe aquelas que você não usa a um bom tempo. Há tantas pessoas necessitando. 
  • Pegue aquele brinquedo que teu filho não quer e faça o Natal de uma criança. Basta entregar em um orfanato, seja o “bom velhinho” e leve pessoalmente, com certeza será um dia inesquecível.
Há tantas outras coisas que pode ser feita: aquela ferramenta e os utensílios domésticos repetidos. Faça uma faxina é hora de treinar o desapego!
Pegue tudo e venda no bazar e/ou numa feira de caridade. O que não dá pra vender doe na igreja, asilo ou orfanato.
Tantos reclamam que estão sem dinheiro, mas quando se olha a casa é tão cheia, tão entupida de coisas que não tem mais utilidade. Aproveite essa época e faça o desapego!
Muitas vezes não crescemos financeiramente porque a nossa vida/emoção está lotada e repleta de bagunça. Doe! Treine o desapego emocional das coisas. Comece o ano diferente. Faça um 2017 melhor.
É o Natal, nascimento, e só depende de você: Prefere nascer endividado e doente ou nascer seguro financeiramente e saudável?
Lembre-se que o ano novo chega repleto de presentes de grego: IPTU e IPVA são apenas alguns. Da mesma forma que cuidamos de nossa saúde física devemos cuidar da saúde financeira por isso não se esqueça: Nada de exageros!

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Filosofando

Olá pessoas, bem-vindas de volta!
E então, descobriram quem mexeu no seu queijo?

Dando sequência a nossa proposta de trabalhar para também manter a Mente Sã, hoje é dia de nova indicação literária.

Contrariando o programado – que seria falar de livros que já li – hoje trago para vocês uma obra cuja leitura ainda está em curso. Comecei a ler Filosofia Para Corajosos e fiquei tão encantado que quis compartilhar logo esse título.



O autor – Luiz Felipe Pondé – nos convida a pensar com nossa própria cabeça e, para tanto ele nos leva a um passeio por temas tão diversos como, por exemplo, moral e ética, religião, política e economia. Todos sempre permeados por grandes filósofos e pensadores como Kant, Nietzche, Pascal, Aristóteles e Platão.

Apesar de todos os seus títulos (filósofo, escritor, ensaísta, Doutor e Pós-Doutor em Filosofia), Luiz Felipe Pondé consegue escrever de forma tão leve, simples e direta que até mesmo pessoas como eu, que não entendem quase nada de filosofia, podem devorar o livro (sim; devorar mesmo, pois a leitura flui muito fácil e rápida) entendendo as referências e sem se sentir perdido.

Para mim, o único problema do livro é que ele me deixa num dilema. Estou com o livro na cabeceira da cama, olhando para ele com pena de terminar, mas, ao mesmo tempo, ávido por lê-lo. Isso acontece com vocês também? Quando o livro é bom vocês se apegam? Se sim, diz ali nos comentários quais foram os livros que causaram esse apego.

Para fechar, queria deixar para vocês uma resenha da ótima Eliana de Castro, escrita na Fausto Mag (www.faustomag.com).

Um grande amplexo e até breve.



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Nem todos sabem, mas Luiz Felipe Pondé é bastante engraçado. De verdade! Pensar com a própria cabeça, como recomenda o subtítulo de seu novo livro, pode começar por aí. Esqueça os estereótipos que envolvem o autor. “Filosofia para Corajosos” é para audaciosos sim, mas também para quem deseja ter uma experiência agradável com a filosofia. O fato de Pondé ser divertido garante um pouco isso. E ao contrário do que supõem os “ungidos”, como diz o escritor, tornar a experiência filosófica deleitosa não a desvaloriza, muito menos a trajetória do próprio autor. Um de seus primeiros conselhos, inclusive, é “desistir de agradar quando se pensa”.



Torna-se, então, uma vantagem competitiva no universo egocêntrico dos intelectuais falar de maneira tão simples? Pode ser. O que não há dúvidas é o maneio sedutor do filósofo na arte de ensinar. Talvez, e exatamente por isso, o lançamento da vez possa causar algum tipo de irritação nervosa: o leitor comum vai compreender princípios básicos da filosofia. Sabe o tal do imperativo categórico? Ou a diferença entre ética e moral? Este último, Pondé trata assim: “é mesa e table.”


Nietzsche, Kant, Platão, Aristóteles. Todos eles aplicados como pouco se lê por aí. O intuito do escritor com este livro não é tornar ninguém mais feliz, mas “pelo menos um pouco menos medíocre”. Os capítulos são curtos, fáceis de acompanhar e seguem sem uma metodologia específica: “prefiro o gozo filosófico ao método filosófico.”

Como sempre faz em seus livros, Pondé recomenda títulos que tornam o bate-papo literário, literalmente mais profundo. Há tanto indicações da literatura universal quanto de grandes nomes do pensamento. Dos imprescindíveis, que tal Schelling e “A essência da liberdade humana”? É o título com o qual Pondé abre este novo trabalho. De romântico para romântico – e só os “idiotas” são incapazes de perceber – o novo título continua revelando a força motriz de seus textos: revolta e melancolia. Este fato, logo, nos leva a pensar em outro ponto curioso: como uma pessoa com visão de mundo, digamos, tão pessimista motiva a tantos a segui-lo? Pergunta para os que buscam uma vida perfeita. E esses também têm lugar neste livro.


A divisão dos temas em “Filosofia para Corajosos” é bastante pessoal. Em “Uma filosofia em primeira pessoa”, Pondé conta como deixou a medicina pela filosofia e algumas de suas motivações – nada, aliás, motivadoras. Ironias não faltam: “Ainda que bobinhos achem que avançamos porque eles juram fidelidade à rúcula…”

Na segunda parte – “Grandes tópicos da filosofia ao longo do tempo” -, o escritor discorre sobre religião e espiritualidade, metafísica, a existência de Deus, vida após a morte, materialismo, hedonismo, entre outros temas que não saem das conversas cotidianas. Agora, se você se assustou com todos esses termos, não se preocupe. Outra arte de Pondé é transformar seus demônios em esperança para os outros. Em um mundo cheio de “modelos de sucesso”, talvez o que os inquietos mais anseiem seja justamente alguém que prove que você não é o único fracassado.

Filosofia para Corajosos” é isso: “filosofia do ponto de vista do usuário”. Na terceira e última parte, cujo título é “Por que acho o mundo contemporâneo ridículo”, o provocador das segundas-feiras encerra tratando sobre a cultura dos direitos, narcisismo, desigualdade social e mania de perfeição: “A vida é bela, violenta e imunda, não há como fugir disso sem eliminar a própria vida.”

Definitivamente – preparem suas armas, “ungidos” – este livro não é para quem nega as questões mais humanas em todos nós. Por isso mesmo cotidianas, por isso mesmo banais. É preciso mesmo um pouco de coragem para enfrentá-las.


Eliana de Castro
Jornalista pós-graduada em Cultura pela FAAP, é mestranda em Ciência da Religião pela PUC-SP.






terça-feira, 1 de novembro de 2016

Medicina e finanças

Bem-vindos de volta!

Estava dia desses conversando com um a amiga, que é médica, sobre a rotina de trabalho dela e me dei conta que podemos traçar um paralelo bem grande entre a medicina e as finanças.


Logo de cara pude perceber que a gente só costuma tratar da saúde (corporal ou financeira) de forma a remediar o estrago e não para prevenir o mal. Sempre vamos postergando um diagnóstico profissional, nutridos por uma sensação (ainda que falsa) de que no fim das contas tudo vai se ajeitar sozinho.

E mesmo quando a melhora não vem ainda somos resistentes. Vamos ao vizinho perguntar o que ele fez quando teve sintomas parecidos ou então ao vendedor da farmácia (no caso das finanças, vamos ao banco/financeira) pedir que nos indique um remédio.

Não quero desmerecer seu vizinho; nem o farmacista. Quero é que você perceba que, na maioria das vezes, o seu convizinho não tem formação na área de saúde para receitar um medicamento e que o balconista da farmácia ganha comissão sobre as vendas.

Mas não se culpe, em algum momento da vida eu também já fui assim (e ainda sou, com relação a medicamentos. Ainda pergunto aos meus pais qual remédio para dor de garganta, mesmo eles sendo um engenheiro e uma professora =P). Mas ainda bem que existem pessoas que vêm para nos alertar quanto a essa más práticas. E fica aqui o meu agradecimento público a essa minha amiga. Obrigado Dra. Saraiva!


Seguindo com a analogia, se para tratar de uma doença um médico começa a consulta fazendo a anamnese¹, e também isso é o que deveríamos fazer com as finanças. Vamos aos equivalentes:

Queixa principal (QP): Em poucas palavras, o profissional registra a queixa principal, o motivo que levou o paciente a procurar ajuda.
História da dívida atual (HDA): No histórico da dívida atual é registrado tudo que se relaciona à queixa principal: sintomatologia, época de início, história da evolução da dívida, entre outros. A clássica tríade: Quando, como e onde isto começou.
História financeira pregressa (HFP): Adquire-se informações sobre toda a história financeira do paciente, mesmo das condições que não estejam relacionadas com a dívida atual.
Histórico familiar (HF): Neste histórico é perguntado ao paciente sobre sua família e suas condições de trabalho e vida. Procura-se alguma relação de hereditariedade com dívidas.
História pessoal (fisiológica) e história social: Procura-se a informação sobre a ocupação do paciente, como: onde trabalha, onde reside, se compra por impulso, se compra para ostentar, se compra o que não precisa, se tem algum vício (em álcool, apostas/jogos, festas, drogas entre outras) etc.

Analisando as informações da anamnese, o médico pode levantar hipóteses de diagnósticos e definir métodos de ação, e nós, sem ter a pretensão de nos compararmos com médicos, prescrevemos abaixo algumas dicas que podem lhe ajudar a encontrar uma linha de tratamento para recuperar/melhorar sua saúde financeira:

Resultado de imagem para anamnese

i) Descobrir o quanto você deve – hora de reunir todas as contas que estão atrasadas e também as que estão perto de vencer;

ii) Renegociar as dívidas – muitas vezes os credores aceitam uma renegociação das dívidas já vencidas. Se você for até ele espontaneamente e demonstrar que tem interesse em quitar os débitos, é muito possível que aceitem reduzir os valores devidos retirando parte dos juros aplicados;

iii) Pagando aos credores – o ideal é conseguir pagar todas as contas na integralidade, mas se isso não for possível dê preferência àquelas que tem maior taxa de juros, como cartão de crédito (± 471% ao ano) ou cheque especial (± 311% ao ano) ou agiotas (que sabe-se lá o que podem fazer);

iv) Controlando gastos – pode parecer exagero, mas registrar TODOS os gastos do dia a dia ajuda. Anotar desde aquele "passatempo da sua viagem" que custou R$1,00 até a compra no shopping pós expediente paga com o cartão de crédito que vai vencer só no meio do próximo mês;

v) Cortando os supérfluos – com o controle de gastos podemos saber todo o dinheiro que é gasto “por capricho”, como aquelas comidinhas que compramos por impulso.

vi) Pergunta chave – essa funciona para mim e acredito que também vá funcionar para você. Toda vez que tenho vontade de comprar alguma coisa eu me pergunto se realmente preciso. Se a resposta for NÃO, tudo ok, só não comprar. Se a resposta for SIM, então eu espero mais uns cinco ou seis dias e se essa sensação de que é necessário persiste então efetuo a compra.


Essas são algumas dicas básicas e genéricas que já devem ajudar a equalizar as finanças e sair do vermelho. Nos próximos posts continuaremos trabalhando no assunto e apresentando aqui mais formas de reduzir os gastos.

Amplexos!


fontes referenciais


¹ Anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu doente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença ou patologia. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.