Bem-vindo (de volta)! Sim, sim, eu sei que no meio do mês deveria ser um post sobre algo diferenciado (livro ou filme ou esportes, etc), mas dessas vez, excepcionalmente, vamos quebrar esse ciclo e falar diretamente sobre economia. Você sabe me dizer o que é inflação?
Não?
Não tem problema, você não está sozinho. Veja:
O
ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, diz que:
“Inflação
é o aumento geral e persistente dos preços. Estas duas
características são cruciais. Se apenas uns poucos preços
aumentam, enquanto os demais permanecem estáveis, não há como
caracterizar um processo inflacionário, ainda que o índice de
preços mostre valores positivos. Da mesma forma, se há um aumento
de todos os preços num dado mês, por exemplo, por conta da
imposição de algum tributo, mas estabilidade em seguida, também
não temos como caracterizar inflação; esta tem que ser
generalizada e persistente.”
De
uma maneira mais simples, eu costumo dizer que inflação
é a perda do
poder de compra do dinheiro. Por exemplo, se há cinco
anos você conseguia comprar 10 pãezinhos com R$1,00 e agora só
consegue comprar 03 unidades, é porque a inflação corroeu 70% do
seu poder de compra para esse item.
Mas
e o que causa a inflação?
Se
inflação é a perda do poder de comprar, então podemos intuir, de
maneira simplista, que o que causa a inflação são preços mais
altos.
Mas
são várias as causas da inflação e dentre elas podemos citar:
Gastos
Públicos
– o
governo gasta mais do que arrecada e para compensar lança mão da
impressão de mais dinheiro e com isso o volume de dinheiro passa a
ser maior que a oferta de serviços e bens a venda. E com mais
dinheiro no mercado os preços sobem.
-
o governo aumenta os impostos, visando aumentar a arrecadação para
cobrir as despesas. As empresas, por sua vez, repassam ao consumidor
esse aumento nos impostos. E por conta desses repasses os preços
sobem.
Cartéis
-
quando
um produto é vendido por algumas poucas empresas e elas se juntam
para determinar o preço desse produto acima do mercado ou
restringem a produção, diminuindo a oferta. Com essas manobras os
preços sobem.
Custos
de Produção
-
empresas
fazem empréstimos para aumentar a produção e nesse meio tempo os
juros sobem. Se os juros sobem, o custo do empréstimo fica maior e
para cobrir essa diferença as empresas aumentam os preços de seus
produtos/serviços.
-
se o governo aumenta os impostos ou cria novos impostos, os custos de
produção também são afetados. Para suprir esses novos custos, os
preços aumentam.
Produção
em Baixa
-
as
empresas começam a produzir menos do que o mercado necessita e,
tornando a demanda maior que a oferta. Como o produto fica escasso,
o consumidor se dispõe a pagar mais e com o consumidor de bolso
aberto, o preço aumenta.
Indexação
-
o
reajuste do aluguel e alguns outros contratos são atrelados a
inflação do período passado. Ou seja, para garantir que esses
contratos tenham o mesmo valor, eles são reajustados de acordo com
um índice inflacionário, assim a inflação de hoje passa ser o
piso inicial de amanhã.
-
Funciona assim: a alta de alguns preços faz a inflação subir. Essa
inflação, em seguida, é usada para calcular o reajuste dos
produtos e serviços que têm preço indexado. Como consequência,
esses preços sobem – e, ao subirem, geram uma “nova
inflação”,
e isso vira um ciclo que se repete.
Inércia
-
a
empresa ou o trabalhador acreditam que a inflação vai subir. Como
medida de reserva a empresa aumenta os preços para manter a margem
de lucro ou o trabalhador pede um aumento para manter o poder de
compra.
Como faz para medir a inflação?
Na
teoria, para medir a inflação seria só pegar o preço dos produtos
e compará-los com o preço
do mês anterior, e
essa diferença seria
a variação da inflação. Mas
isso é só na teoria, pois na prática tudo fica mais difícil.
Para
começar, seria preciso definir quais seriam os produtos usados para
esse
cálculo, depois
ainda teria de
considerar as
variações como, por exemplo, marca, tamanho da embalagem, variedade
do produto, etc.
Se
tiver interesse em saber um pouquinho mais sobre como é feita essa
medição, pode olhar esse link aqui
http://super.abril.com.br/cultura/como-e-medida-a-inflacao/
e também esse http://br.advfn.com/economia/inflacao/brasil/calculo.
Para
tornar esse trabalho um pouco menos complicado, foram criados uma
série de índices que permitem uma visualização mais simples e
precisa para os diversos segmentos da economia e cada um serve para
medir um tipo diferente de inflação.
Vamos
aos principais
índices:
INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
foi
criado inicialmente com o objetivo de orientar os reajustes de
salários dos trabalhadores e
tem como objetivo oferecer a variação dos preços no mercado
varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população.
IPCA
(Índice
Nacional de
Preços ao
Consumidor Amplo)
foi
instituído
inicialmente com a finalidade de corrigir as demonstrações
financeiras das companhias abertas e
hoje é
o índice oficial do Governo Federal para medição das metas
inflacionarias.
IPCA-15
(Índice
de Preços ao Consumidor Amplo-15)
foi
criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no mercado
varejista, no
período aproximado do dia 15 de um mês ao dia 15 do mês seguinte,
mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população.
saiba
mais em
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-ipca-15.htm
IGP
(Índice
Geral de Preços)
foi
concebido para ser uma medida abrangente do movimento de preços. Ele
registra
a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e
industriais até bens e serviços finais. O IGP é formado pela média
de três índices que refletem a economia: IPA (Índice de Preços
por Atacado, com peso de 60%); IPC (Índice de Preços ao Consumidor,
peso de 30%); e INCC (Índice Nacional de Custos da Construção,
peso de 10%).
saiba
mais em
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-igp.htm
IGP-DI
(Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna)
é
uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP) e
registra
a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e
industriais até bens e serviços finais.
É
usado para calcular reajustes
de tarifas públicas, contratos de aluguel e planos e seguros de
saúde (nos contratos mais antigos)
saiba
mais em
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-igp-di.htm
IGP-M
(Índice
Geral de Preços - Mercado)
quando
foi concebido teve como princípio ser um indicador para balizar as
correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e
Depósitos Bancários com renda pós fixadas acima de um ano.
Posteriormente passou a ser o índice utilizado para a correção de
contratos de aluguel e como indexador de algumas tarifas como energia
elétrica.
saiba
mais em
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-igp-m.htm
IPC-Fipe
(Índice
de Preços ao Consumidor)
mede
a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços
componentes de despesas habituais de famílias e
é usado como referência
para avaliação do poder de compra do consumidor.
saiba
mais em
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2007/09/14/entenda-o-que-e-o-ipc-fipe.htm
IPC-S
(Índice
de
Preço ao
Consumidor Semanal)
Permite
detectar com agilidade mudanças de curso na trajetória dos preços
e
tem seu uso nos reajustes
salariais e contratos de aluguéis.
Os
Efeitos da Inflação...
Nos
juros: o governo, através do Banco Central, utiliza a taxa Selic
para aumentar os juros e tentar conter o avanço da inflação. Como
os juros sobem, tomar empréstimos fica mais caro, o que reflete
diretamente nos financiamentos e compras parceladas.
Na
poupança:
Com
a inflação acima do teto da meta, 6,5%, a poupança passa
a render menos do que a inflação oficial, ou seja, se
você deixa seu
dinheiro guardado na
caderneta, passa
a perder dinheiro. E por quê? Porque dinheiro, ou salário, valendo
menos do que a inflação, é dinheiro que
se desvaloriza e
compra menos do que comprava antes.
Além
disso, no
caso da poupança, pelas regras, quando os juros da Selic estão
acima de 8,5%, ela rende apenas os 6% ao ano, mais a taxa de
referência (TR),
que é perto de zero (0,1835%
quando escrevo esse artigo).
Com inflação a um valor como 4%, a poupança continua rendendo 6%.
Dois pontos a mais. Se a taxa subir para 8%, a poupança rende 6%.
Dois pontos a menos.
No
salário:
normalmente o aumento salarial, quando corrigido pela inflação, tem
como base o período compreendendo 12 meses para trás a contar da
data do reajuste. O que ocorre é que daquela data para frente a
inflação pode vir a subir e embora você esteja recebendo mais, vai
continuar com a sensação de que falta dinheiro. Ex. Se,
em maio,
um determinado salário aumentou 4%, -- a inflação acumulada no
período
anterior --, e, em dezembro, a inflação acumulada seja de 10%, o
salário perde 6% para inflação. Ou seja, se o valor era R$
1.500,00,
na verdade, está valendo R$ 1.410,00.
Nas
contas públicas:
quando
o Banco Central aumenta da taxa Selic a fim de conter a inflação,
esse aumento afeta também a dívida do governo, que paga juros sobre
seus empréstimos (ex. Tesouro Selic). Como o governo não gera renda
por si só e precisa de mais dinheiro para pagar suas contas, uma das
medidas para arrecadar mais é aumentar os impostos já existentes ou
criar outros.
E como controlar a inflação?
E como controlar a inflação?
Existem
algumas técnicas utilizadas para controlar a inflação; dentre elas
podemos citar a política fiscal e a política
monetária.
Mas, dentre todas as
principais medidas adotadas pelos governos, aquela que surte efeito
mais rápido é a elevação da taxa de juros, pois induz a redução
do consumo e retira o “excesso” de moeda de circulação.
A
política
fiscal
visa
aumentar
os impostos, diminuindo o poder de compra das pessoas, e isso freia o
consumo, o que estabiliza a inflação. Com
mais impostos as pessoas têm
menos dinheiro e com isso consomem menos.
Através
da política monetária o governo dificulta os bancos a
emprestarem dinheiro para a população, diminuindo assim o poder de
compra das pessoas e freando o consumo, o que estabiliza a inflação.
E
agora, depois de ler tudo, você já sabe me dizer o que é inflação?
Espero que sim, e também espero que você não deixe mais o seu
dinheiro parado e perdendo valor. Também espero que você tenha
entendido que investimento que rende menos que a inflação não é
investimento, mas sim prejuízo. E por fim, espero que você deixe
aqui seu comentário dizendo o que achou do artigo.
Um
grande amplexo e até a próxima.